O Holocausto africano (ou “Ensaio sobre o Perdão”)

Um homem passeia com seus bodes na Ruanda de hoje
Um homem passeia com seus bodes na Ruanda de hoje

O genocídio que aconteceu em Ruanda no recentíssimo ano de 1994 foi sem dúvida uma das maiores tragédias da humanidade e é a prova definitiva de como foi catastrófica a colonização belga no continente africano. Até hoje, 20 anos depois, não se tem uma idéia precisa do número de mortos, mas a estimativa é entre 500 mil e 1 milhão de vítimas, sendo que o valor mais usado pelos livros é de 800 mil. É um número assustador, podendo ser comparado com o holocausto que ocorreu durante a Segunda Guerra, porém com alguns agravantes: Hitler precisou de seis anos para matar 6 milhões de judeus, o que dá uma média mensal de 83 mil mortes por mês, com o uso de eficientes máquinas de assassinato em massa, como câmaras de gás; o massacre de Ruanda foi três vezes mais rápido e feito à base de armas brutais e rudimentares, como machadinhas e facões.

Roteiro da baixa gastronomia – edição África

Um guia com os piores lugares para se comer mal sem gastar muito pelo mundo

Kigali – Ruanda
Refeição para dois
Custo total: 5600 Francos ruandeses (cerca de R$20)

Em algum lugar na Old City de Kigali, próximo à KN144 Street, aonde homens saem com seus cabritos para passear e mulheres carregam com destreza toneladas em suas cabeças, fica este pequeno restaurante caseiro completamente não-turístico e tipicamente africano. O lugar é uma casa miserável, com mesas de madeira e cadeiras de plástico. O forro do teto apresentava diversas infiltrações visíveis e um buraco permitia ver o telhado, com um raio de luz do sol penetrando o ambiente.

Na entrada, numa tentativa de combater a cólera, um barril azul com uma torneirinha está disponível para os clientes lavarem as mãos, despejando a água em um balde – que provavelmente volta ao barril depois.

kigali
Restaurante sem nome de Kigali

Cheguei ao lugar com meu guia e host, Patrick. O menu é inexistente e o prato é aquele que tem no dia e você já deveria se dar por satisfeito por estar comendo. E comendo bem: Eram quatro ou cinco pratos, um com arroz, um com batatas, um com meia costela e pata de frango e outro com outra costela e a asa da ave. Nada de carne de peito para nós. Folhas de cassava completavam a refeição. Para conseguirmos separar a comida em pratos individuais, tivemos que trabalhar numa readequação dos alimentos, jogando as fritas em cima do arroz, espalhando as batatas pelos outros pratos e misturando tudo de forma irremediável.

Ditadores Africanos

Na escala da insanidade, há uma série de categorização de malucos que podemos ordenar:

  • O normal
  • O levemente insano
  • O pessoal que coloca o arroz por cima do feijão nos self-services
  • O maluco de pedra
  • Eu
  • Eleitores partidários
  • Salvador Dalí
  • Ditadores africanos

Estudando a história da África, é fácil ficar abismado com o nível de insanidade desses ditadores e chefes que comandaram o continente. São personagens tão únicos que é de se duvidar que realmente existiram, mais parecendo terem sido tirados de alguma obra de ficção cômica, de algum autor sarcástico, como Douglas Adams ou Terry Pratchett. Entre esses ditadores, destacam-se:

Mobutu Sese Seko

mobutu

O rapaz na foto, usando um belo chapéu de pele de onça (que, em combinação com os óculos de aro grosso, acabou virando sua marca) e uma roupa colorida é Mobutu Sese Seko, antigo ditador do Zaire. Depois de uma série de golpes de estado, assumiu o poder do Congo em 1965, colocando em exílio o presidente que ele mesmo tinha ajudado a eleger.